quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Amarela constância que pouco dura


É a paz. Sim é a paz. Aquela que vem com as bolas prateadas que giram, que giram do alto dos prédios e projectam a luz, não sei o que são, mas sei como são. Rodam, rodam, rodam, enroscam e desenroscam e não saem do mesmo sítio. Também deveria assim ser. Também isso eu nelas admiro. E são elas que me fazem viver todas as bolas prateadas que giram do alto dos prédios e projectam luz, o Sol, que já vi. Já as havia esquecido, confesso. Mas depois de olhar por aquela janela do terceiro andar, aquela janela desesperada pela rua, pelo ar, pelo Sol, que a rotina não permite aceder, vi luz e enchi-me de alegria e depois… parei. Vi e senti e ouvi e envolvi-me naquela sensação. A sensação que há longos anos não vivia, o facto de me concentrar nas bolas prateadas faz-me esquecer tudo o que não importa. Faz-me estar ali. Pacificamente contemplando o mundo, e contemplando-me. Saber aquilo que sou, ao som do silêncio, debaixo do céu azul, ainda que com frio, pensativamente me entregando ao girar das bolas prateadas do alto dos prédios. Fiquei feliz, lembrei-me que sou feliz. Soube de novo que a felicidade eu sinto, eu sinto sem os outros sentirem porque eles não precisam de sentir.
E continuei, debaixo do mesmo céu azul sem nuvens, de uma claridade remota que me faz ser forte e ser eu e ser livre e amar. Continuei depois a andar, a andar devagar como não faria antes. E a sentir-me bem, com aquele momento que descobri ser único e ser meu. Lembrei-me de onde esse céu me é familiar, é do Carnaval acho. Também do quintal.
Mas e, contrariamente ao que racionalmente queria fazer, confesso aqui a minha pequenez. Talvez a coragem de a admitir aqui, junto do que me faz feliz. Mas a pequenez de não ser capaz de fazer o que sei ser certo, o que sei ser bom. Muito me movo ou promovo pela igualdade, fraternidade, liberdade e mais “dades” que sejam politicamente correctos. Mas no fundo, sou simplesmente igual a todos os outros, penso demais no que os outros de mim pensam e não no que os outros sentem, estes sim os outros. Sou feia. Sou feia e má. E sou igual a todos eles. Mas pelo menos tenho consciência disso. Acho que vou tentar remediar algumas coisas. Eu sou eu, sigo-me por aquilo que sei ser melhor, ganharei muito mais pela autenticidade, acredito.

5 comentários:

Joaninha disse...

Nunca te imaginei de outra maneira se não autentica. A minha Joana, a minha flor, que é feliz a olhar para esperas prateadas nos cimos dos prédios.

Gosto de ti assim.
Sendo corajosa por admitir os defeitos que tem. Não esperaria mais nada de ti senão seres quem és.

Minha Joana. Adoro-te, flor!

p.s.não és nada feia e má. És linda, mesmo com os defeitos de uma coragem mais pequena do que querias. Mas quem é realmente corajoso?

LilianaS. disse...

Não consigo ler nada com este amarelo.
lool

LilianaS. disse...

Tu não és feia nem má.
És linda e querida, dá cor ao mundo em que habitamos:)

Diana Duarte disse...

Ter paz, ser, paz, construir paz. Onde uns vêem paz outros vêem confusão...
O que interessa é que TU consigas estar em paz!
Ser bonita, feita, gorda, magra, querida ou não depende da perspectiva.
Se adorares a tua, então serás feliz, mas lembra-te, da minha és uma pessoa excelente.
Só assim poderias escrever textos como este !

Missy_FLORescente disse...

a gente quer-te é ver feliz :D