segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Vermelha Rede Natalícia


E enquanto esburacava minuciosamente a fatia de bolo-rei com a faquinha, pensava na essência do Natal. Não que eu me permita assumir que, exporádicamente, delineio grandes teorias sobre assuntos mais, ou menos, interessantes, mas a minha nobre capacidade de utilização de eufemismos faz-me escrever conclusões que tiro nestes raciocínios a que a minha pequena intelectualidade se porpõe através da minha humilde experiência.
Bom, o que é certo é que apareceu cá em casa o potezinho do doce de abóbora que algum vizinho ofereceu, não é um vizinho qualquer, isso sei-o bem, ele é que não sabe que eu não gosto de doce de abóbora, mas a sua senhora fê-lo por esta altura, diria até propositadamente, e ele distribuiu-o pelas pessoas que lhe são mais queridas com o intuito de o colocarem na mesa de Natal. E o meu pai, cortou quase todas as couves que haviam crescido na horta e entregou-as. A este, àquele, ao outro, a esse mesmo... tudo gente que ele queria ver feliz por poder ter na Consoada couvinhas da horta, que não sabem ao mesmo que aquelas dos supermercados. E desta vez temos umas 7 caixinhas de bombons, arriscaria a dizer, na nossa mesa Natalícia, quer dizer 7 não, porque tanto bombon ocuparia o espaço do bolo-rei e das rabanadas, portanto encontram-se em espera numa outra mesa qualquer. Algumas foram oferecidas gentilmente pelos clientes dos meus pais (clientes não, consumidores é uma palavra mais bonita, uma vez que estou em PM, mas assim terá de ser "pelos consumidores dos serviços que os meus pais proporcionam", porque os consumidores não consomem os meus pais, ou pelo menos, não na íntegra, só a paciência) outras pelos distribuidores. Eu sei que são estrtágias de fidelização e acções de relações públicas que passam a ser exercidas pela pessoa do vendedor, mas a verdade é que os senhores se lembram de trazer chocolatinhos e nós agradecemos.
Mas ninguém dá como prenda, ninguém dá com o propósito de se colocarem os artigos bem juntinho da árvore, do lado direito do presépio, ninguém dá sequer por obrigação ou ressentimento. As pessoas dão porque conhecem a utilidade dos produtos nesta época e tal é a azáfama da época que nem sequer descobrem o mistério escondido nesta palavra: Dar.
E o Natal é isso. Pequenas e grandes linhas de solidariedade e agradecimento nas quais as pessoas caminham, tropeçam e se prendem, tentando atingir a felicidade, por mais que não seja durante dois dias.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Companheirismo Azul


No outro dia cheguei a uma conclusão. Os amigos de infância, aqueles que podemos dizer que "conhecemos desde que nascemos", esses que nos mordiam e com os quais brincávamos às escondidas e, que nos mordiam enquanto jogávamos às escondidas têm sempre uma cadeirinha nesta coisa a que podemos chamar de plateia para a qual espalhamos sentimentos. Esses sentimentos de "gostar de ti".
Então a tese é: podemos estar meses separados, mas quando nos juntamos é como se tudo voltasse a ser igual. Não a idade, não o sítio, não o tema da conversa (bem, este tópico é discutível), mas o à vontade, o entendimento ou não. É assim um portal do tempo para aqueles dias em que viamos o Batatoon e lutávamos pelo comando. Aqueles dias em que quase deitávamos os aquários ao chão. Aqueles dias em que esfolávamos os joelhos na alcatifa, gozando uns com os outros.
Hoje, depois de todas as imbirrações e aversões, sei que tenho um ombro onde deitar a cabeça nas viagens longas.