quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Chocam-me de uma maneira Laranja Berrante

Só tenho a dizer, que 40 % de abstenção é uma vergonha.
De que valeu Salgueiro Maia pôr a vida em risco e o professor B. lá da escola ter atracado em cima daqueles tanques em Abril, se ninguém agora quer decidir por si?
Abstenção de 16% em 1976 e agora isto?
Faz falta sentir-se o sabor da liberdade, faz falta pensar. Tudo rouba a intelectualidade humana e a ocupa com actividades desnecessárias. E assim, tudo pensa pelas pessoas e as pessoas deixam de pensar. Opinião, não sabem o que é? Opinião é o que tenho porque penso, porque uso o cérebro. Como pode gente hipócrita não escolher e queixar-se depois?
Consequências de quando não se escolhe. E deviam ser mais graves do que são. Só para aprenderem.
Voto em branco é sempre protesto.

É verde, mas eu gosto


Citadina até mais não. São raras as vezes em que pensamos sobre o que somos. Eu sou uma miúda da cidade, e ninguém o pode mudar, nem eu mesma. Acho que a cidade nos mima e mal habitua. Posso ir ao cinema quando quero, onde quero, com quem quero. Tenho-o a dois passos. Tenho tudo à mão, lojas, restaurantes, livrarias, perfumarias... até a linha de metro, que tantas vezes me carrega. Posso ir para onde quero, quando quero, sem satisfações nem complicações. Eu entro e ele, o metro, leva-me. Para longe, para perto. Até para onde eu não quero ir. Mas leva. E aí, toda a dependência que me possa prender desaparece, vou para onde quero. Quem me impede?

E vou para Lisboa, por exemplo. Dantes Lisboa não era importante. Dantes Lisboa era comércio e serviços. Mas agora não. Lisboa é Lisboa. E descobri que é linda, que é verdadeira a beleza do rio e, que poucas serão as cidades dotadas de tanta fantasia que a história lhes confere. Imaginem, todos os recantos. Todos os passos cujos recantos foram espectadores. As personagens. As causas. E o rio? O rio que para mim, apenas era a ilustração da longa e interminável estrada que conduzia à praia nos dias de trânsito caótico, agora é mais do que isso. É o Rio da cidade. Aquele que sabe tudo. Nada acontece sem por ele passar. Nada se fala sem ele saber. E a cidade ele beija, e abraça. E protege. E, agora, aquele rio que dizem ter-me sido mostrado muitas vezes, faz lembrar-me quem sou, e de onde sou. E é esse rio que tenho em comum com todos os que habitualmente me constróem.

E continuo a ser a princesa da periferia, mas ao menos, conheço o Rio.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Puras Justificações Brancas

E sempre que te vejo fico assim, esquisita. Acho que é a vontade de querer mais e não ter. A vontade de te querer ver mais. E saudade, saudade sim. E, já que nunca vou ter coragem de te dizer isto na cara, escrevo aqui, pode ser que, de uma maneira ou de outra, esta informação chegue até ti.
Eu tenho necessidade de conceptualizar, de rotular, de definir. Neste caso, preciso de organizar o que realmente sinto por ti porque, mesmo que já ninguém deseje saber, eu acho que me tenho de justificar, nem que seja, a mim mesma.
Primeiro que tudo, devo dizer que este tipo de coisa que por ti nutro, até a mim me parece ridícula, por isso não censuro quem o ache também, nem mesmo tu. Mal falámos, pelo menos, de coisas profundas, e nem sequer convivi contigo num grande período de tempo, daí a tal “estranhez” desta coisa. No entanto, sei perfeitamente a tua opinião sobre mim, e tu próprio mo disseste e, mais tarde, quem te era mais próximo o reforçou. Talvez por isso, talvez por saber que confiavas em mim, que me valorizavas… não sei, acho que passo tanto tempo a tentar ser perfeita, que quando alguém repara, fico estonteante. Tu reparaste. Provavelmente estou mal habituada e terá sido essa a razão do meu “gostar de ti”. A partir daí, passaste a ter carta branca para todos os teus erros. Tinhas o meu apoio incondicional, mesmo se não o merecesses.
Neste seguimento, muitas das questões, prendem-se com este mesmo “gostar de ti”. Não era paixão, isso nunca: paixão envolve desejo, é carne e não era esse de todo o meu sentimento por ti. Amor? Não, pelo menos no termo em que o conceptualizamos. Nunca almejei qualquer quadro romântico, não, nunca, pelo contrário. Acho que o que eu queria era uma relação de irmãos, e aqui entra a parte ridícula, acho esta relação, racionalmente injustificável e despropositada. Mas é nesses mesmos termos, racional, adjectivo que por vezes não me caracteriza. Sou sonhadora e acredito em utopias. É verdade, todos temos as nossas falhas.
Tenho uma irmã, mas nunca me dei muito bem com o meu pai, acho que necessitava/ necessito de um elemento masculino mais acessível. Acho que foi isso que encontrei em ti, queria uma relação de confidência, percebes?
Ter um melhor amigo com quem podia contar.
Expressei-me mal algumas vezes, é certo. Fui mal interpretada, se calhar com razão. Mas nunca fui muito boa a joguinhos. Acho o deixar surgir da espontaneidade tão mais simples… Talvez tenha sido esse o derradeiro erro, e aquilo que não chegou a acontecer acabou ali. Houve um corte quando me precipitei, quando confiei na inexistente compreensão dos meus actos.
Ainda assim aguardo, estupidamente, por um regresso. E pelo feliz findar dos meus planos. E pelo brilho nos teus claros olhos. E, por isso passo mais atenta junto ao teu trabalho procurando por esses teus olhos, e por isso estou constantemente à procura de algo nos locais onde passas, e por isso olho sempre para dentro de todos os carros iguais ao teu, esperando que de lá saia o teu olhar e o teu sorriso. Se algum dia leres esta informação de carácter explicativo, saberás que és tu.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Mais um para a colecção de Cores


Ah ya, esqueci-me de dizer: fiz dezassete anos!


Não é qualquer um, hein.


Rodeada de metáforas, comparações e hipérboles que ocuparam a minha vida, tornei-me uma quase adulta da qual me orgulho. Sinto, respiro, vejo e faço. Por agora chega.

Consciencialização Encarnada-Atrevida

-Sabes quando te vais meter numa alhada, mas mesmo assim queres ir em frente?
-Sei.
-Sabes quando provavelmente, a única coisa que te vai restar no fim da aventura, são ilusões desfeitas, por quem nem sequer sonha que tas desfez, mas mesmo assim experimentas?
-Claro que sei, e tu também sabes. Não é?
-Sabes quando tu achas que estão a acontecer coisas, que tentas negar, mas que no fundo acontecem e tu finjes-te despercebida, mas a verdade é que queres subtilmente pedir explicações.
-Sei e tu já devias ter aprendido que não vale a pena pedi-las.
-Sabes quando tu, já por experiência sabes que não vai dar em nada, mas mesmo assim acreditas utopicamente num bom resultado, aquele pelo qual esperas desde sempre?
-Sei ainda mais, sei que tu vais subtilmente fazer isso tudo e no fim, continuarás a esperar. Tal como ainda fazes.
-Sabes quando vês o passado no qual ainda confias e vês o futuro no qual tens medo de avançar, mas um bichinho na barriga diz-te para deixares correr o presente?
-Sei, e sei que depois do teu atrevimento, ficarás à espera dos dois eternamente.
-Mas hoje passou o passado, e eu parva, por muito que saiba que ele não volta, continuo a visualisá-lo no futuro. E este presente, este presente logo se vê. Mas eu cá não empato!
-Sei que tu gostas de confusão, e que vais esperar para ver, quando devias assistir na plateia e não no palco principal.
-Sabes quando achas que é outra missão, não sabes?