domingo, 26 de setembro de 2010

Os meus tubarões verdocas

Sabes, quando era pequena costumava atravessar o Tejo. Lembro-me de pouca coisa daquela época, mas sei de algo que nunca esqueci. Tinha medo dos tubarões, sim, eu tinha de passar por uma pontesinha para entrar no barco. E se eu caísse? Se eu caísse os tubarões esperariam por mim lá em baixo e não seriam meiguinhos.
Mais tarde descobri que só há golfinhos em Tróia e baleias nos Açores. De tubarões, nunca ninguém aqui ouviu falar. Mas também, quando soube da sua inexistência, já naõ navegava mais naqueles barcos.
Sabes, depois disso, muito depois, ganhei outros medos. Assusta-me a ideia do novo habitat, eu gosto daquilo a serio, mas não consigo viver sem pessoas, sem as minhas pessoas. Também não consigo pensar que há a possibilidade de me abandonares, sim, é para ti, acho que não o farás, mas já passou muito tempo e esta nova etapa será diferente da outra. Claro, tenho medo de ti, sim de ti, tu que te estás a esconder, há coisas que não devem acontecer e, acho que essas coisas perturbam a minha expressividade aqui, por exemplo. Mais uma, não ter inspiraçao nem imaginação nem originalidade assusta-me, eu preciso de escrever. E sim, tenho medo de não conseguir, agora que entraste na minha vida e porvavelmente não lerás isto. Tenho medo de não querer, de não avançar. Ainda não me aliciaste o suficiente. Nem sequer sabes disto.
Mas um dia, sei que descobrirei que os tubarões também não navegam nestes mares.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Capas pretas a sorrirem escondidas

A primeira impressão da vida académica foi: "Eles não são assim tão maus", pronto e o inevitável: "Os trajes das miudas são bem giros"...
Muito sinceramente estou a divertir-me, o facto de entrar naquele recinto faz-me crer que entrei numa outra fase, numa outra aprendizagem e isso é claramente evidente quando contacto com as pessoas, as pessoas que já fizeram do recinto a sua casa, os doutores, os veteranos, os trajados. O ambiente que se cria, apesar de todo o constrangimento e vergonha iniciais, é de partilha e entreajuda. Eles riem-se de nós, nós rimo-nos uns dos outros embora insistam que "caloiro não ri", mas se não fosse como é, de que maneira tanta gente nova se iria conhecer? De que maneira os novatos iriam conhecer o espaço? De que maneira os caloiros conheceriam outros colegas mais experientes?