segunda-feira, 27 de abril de 2009

Cravos Vermelhos vs. Lápis Azul


É um facto, foi 25 de Abril.


Todos o adoram, porque não trabalham, porque não há escola, porque talvez o patrão dê fim-de-semana prolongado ou deixe fazer ponte... (este ano até tiveram azar porque calhou a um Sábado!)

Mas e o feriado é porquê? "Ah foi uma Revolução que tirou o Salazar do governo." Muitos responderiam.

Mas muito pouca gente se dá conta da importância que teve. E falo mesmo pelos jovens que, não tendo vivido naquele tempo, não se dão conta do que significou. Eu também não vivi naquele tempo, antes de o Salazar (grrr) cair da cadeira e antes do Marcelo Caetano ter fugido de Portugal. Mas sei o que trouxe: Liberdade.

Algum dia, naquele tempo, poderia eu dizer que, deixa cá pensar... "o sistema de ensino português carece em muitos aspectos" sem codificar isto para "os jovens de hoje em dia não sabem das coisas da vida"? E sabe se lá se a mãe não me teria de ir levar um bolinho a Caxias...

Gente, não percebem que dantes nem se podia abrir a boca?! Acordem para a vida, cultivem-se! Não podemos deixar passar o "tal feriado" como se nada fosse. Isto acontecia há 35 anos atrás!

Todos nós aprendemos sobre isto na escola, mas a teoria da escola não implica que se saiba realmente o que aconteceu e, sinceramente perde um bocado a emoção que tem quando é contado por avós, tios, pais...


Muitas pessoas arriscaram as suas vidas, arriscaram tudo para sermos livres! E nós, aproveitamos essa liberdade?

Quantas vezes se ouve barbaridades do género : "Votar? Eu? Os políticos nunca cumprem as promessas! Não gosto de nenhum, não voto! Além disso dá muito trabalho..."

Gente, têm noção da quantidade de pessoas que poderiam ter sido presas, espancadas, mortas por terem feito a revolução, se algo não tivesse acontecido como planeado? Têm?

E depois, é ilegítimo, para quem não vota, criticar seja o que for do governo, porque se não queriam que ganhasse este, não fizeram nada para que o outro fosse eleito.

Saberiam a falta que vos fazia votar se voltássemos à ditadura... Ainda há quem diga "No tempo do Salazar é que era bom!" Sem dúvida, quando a população morria à fome, quando quanto mais ignorantes as pessoas fossem melhor, quando jovens deixavam famílias para ir para uma guerra contra a independência do que nunca deveria de ter sido nosso, quando se ia preso por escrever canções sobre liberdade, quando tudo era feito para que não se desenvolvesse o país... por alguma razão estamos quase sempre na famosa "cauda da Europa".

Nós estudamos, nós sabemos, não deixem que a ignorância nos tome e que permita que sejamos iludidos. O melhor aliado de um regime ditatorial é a ignorância.


Se, actualmente somos ou não livres, é uma questão muito subjectiva. No entanto, só nos compete a nós chegar aos objectivos pretendidos: mudar o que está mal e manter o que está bem.

Não se esqueçam que podemos ser muito livres, mas nunca o seremos de verdade se a nossa mente continuar acorrentada a preconceitos, a ideias feitas, a diz-que-disse's.


(TEXTO CENSURADO) se fosse há 37 anos atrás, por exemplo, a esta hora já a minha avô me teria ido visitar à cadeia, levando uns pensinhos para as pequeninas fridinhas que teria, por ter escrito este texto.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Amarelos Efeitos da Imagem na Sociedade Seca


Ainda bem que não sou daquelas adolescentes que pensam que o mundo gira em seu redor, que ligam mais ao que vestem do que ás pessoas que as rodeiam e que têm uma auto-estima tão alta que se julgam donas de tudo por onde andam.

Ainda bem que não sou daquelas jovens deprimidas que encaram tudo como um novo drama, e que vêm as coisas sempre de uma forma tão feia, como se os outros as tivessem sempre a prejudicar e, se submetem ainda que não seja sobre elas exercido qualquer tipo de soberania, às acima referidas.

O post, há uns dias, era para se reduzir a isto que, por certo, já tem um grande significado (nem que seja para me auto-convencer de certas coisas e me valorizar), mas hoje decidi completá-lo.

Acho que tudo isto se baseia na imagem. Na imagem que cada um tem de si, na imagem que os outros têm de cada um e, na imagem que cada um acha que os outros têm dele. Para mim, a última é mais poderosa, a mais estúpida e a mais preocupante, sendo infelizmente, a que move mais gente.
Claro que eu não tenho muita moral, por um lado ás vezes acho-me menos que alguém só porque me intimida com a sua imagem e, temo pela imagem que passe. Por outro lado, sei que ás vezes posso intimidar outros que não sintam uma imagem de si tão boa.
Também julgo, é verdade. Também sou julgada, claro que sim e, custa-me bastante,porque ainda não aprendi a lidar com estas coisas, mas isso sou eu que vá, não tenho mais nada em que pensar do que naquilo que os outros pensam...
O que me leva a discutir isto hoje, foi um caso que estive a equacionar. Uma rapariga com má imagem. Deve sentir-se duplamente mal, primeiro porque deve ser alvo de maus juízos e, isto sim é ilegítimo, porque ninguém está mais acima de outrém na inexistente hierarquia social, para que lhe seja permitido julgar de forma humilhante, gozando por exemplo, exercendo o seu poder adquirido pela parvoíce aguda... and so one. E, depois, porque não tem aquele espírito de poder proveniente do brio em cuidar da imagem, daquela pequena vaidade saudável que nos faz recorrer ao "look great", em que nos olhamos ao espelho e pensamos "Caramba, tu afinal és bonita, nem sei como tanta gente não repara" (e lá está o estúpido pensamento nos outros tão presente no meu subconsciente que até aqui aparece).
O facto é que podemos arranjarmo-nos apenas para nos sentir-mos bem, tenho uma amiga que diz, com muita razão, que quando fazemos a depilação coloca-mos o ego muito mais em cima. No fundo, é uma maneira, vá, simples, concreta e meio idiota de traduzir a ideia, mas não deixa de a traduzir.

Mas para verem como esta coisa da imagem influencia tanto a vida das pessoas, temos os exemplos dos empregos. Quanta gente não é aceite em lojas por não ser assim ou assado. Óbviamente, não condeno os empresários, porque se estamos a promover um ginásio não podemos ter uma senhora mais cheinha a distribuir papéis, não chama, tal como não chama uma pessoa com problemas de pele, numa loja de cremes.

Sensuro é toda esta máfia mental que movimenta a sociedade e que sempre existiu e, que nunca vai deixar de existir.

No fim de contas, tu és a exótica e eu a nordica (não se sintam mal perante a incompreensão deta frase, é muito metafórica e tem por trás toda uma situação).

sábado, 11 de abril de 2009

Fuga lilás, sem rosa a atenuar


Nunca esperei. E, mesmo depois de tudo, continuei a não esperar. Parecia-me tão claro e evidente... Eras tu, como seria possível?
Mudaste, mudaste como eu não imaginara. Talvez bruscamente: Ouvi dizer que sim.
Desilusão... Mas há qualquer coisa nesta palavra de que não gosto: faz-me ter saudades, mais do que as que já tinha. Agora tenho mais. Mais de quem eras de verdade.
A culpa não foi minha. Foi toda tua. Foste tu, a culpa é tua.
Mas e se também tiver sido minha? Não, não foi. Poder-te-ia ter puxado... mas tu nem deste hipótese.
Foste tu. Fugiste. Nem sequer encaraste o que tinhas para encarar. E nem uma explicação ouvi de ti. Tudo por outros... e sem explicação.
E afastaste-te, e afastaste-te dos teus princípios, e afastaste-te do que eu sabia que eras, e afastaste-te de quem te queria bem e não o sabias.
Mas podias ter ficado. Podias ter ficado o mesmo, sem mudança alguma... com esse teu bom coração e essa parvoeira natural. Mas não quiseste e toda aquela redoma se estalou.
Tudo o que eras para mim sofreu estragos. Continuo a acreditar em ti, sim. Mas desiludiste-me.
Espero por quem tu eras autrora... Eras tu, a minha missão.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

A Antítese das Cores: O Preto e o Branco


Estava eu no carro dos papás a ouvir a habitual rádio (renascensa), eis se não, quando começo a ouvir uma música e digo, para mim mesma: "Não acredito, esta música é tão hororosa, para eu começar o dia, mas pronto, vou ter que a ouvir!" E, a seguir, pus uma cara enfadonha.

Mas depois lembrei-me: "Já que a vou ter que ouvir, e que a música é em Português, porque não ouvir a letra e perceber?"

E assim foi.

E descobri um poema lindíssimo.

"Se ela pressentisse
O olhar que me devolve
As ânsias sem idade
Os olhares ao espelho sem piedade
A verdade foge trémula e sem serenidade


Se ele sentisse
Só por uma vez
Que paro quando fala
Que rio quando olha
E coro quando é para mim
E quero que me agarre


Ela nem imagina
Ele nunca me vai ver
Volto a cruzar-me com ela
Fingindo não o ver
E por isso nunca
Ele nunca vai saber
O quanto eu te quero


Ela vai rir-se quando lhe contar
Que um dia quis dar-lhe o mundo
Mas não a soube chamar
O seu cheiro passa solto
E leve como o ar


Ele vai ter um sonho por guardar
O tempo não tem escolha
E a alma passou longe
Adeus! Será que é Adeus?
Eu não te perco mais


Ela nem imagina
Ele nunca me vai ver
Volto a cruzar-me com ela
Fingindo não o ver
E por isso nunca
Ele nunca vai saber
O quanto eu te quero


Se ela pressentisse
O olhar que me devolve
As ânsias sem idade
Os olhares ao espelho sem piedade
A verdade foge trémula e sem serenidade


Se ele sentisse
Só por uma vez
Que paro quando fala
Que rio quando olha
E coro quando é p'ra mim
E quero que me agarre


Ela nem imagina
Ele nunca me vai ver
Volto a cruzar-me com ela
Fingindo não o ver
E por isso nunca
Ele nunca vai saber
O quanto eu te quero


Ela nem imagina
Ele nunca me vai ver
Volto a cruzar-me com ela
Fingindo não o ver
E por isso nunca
Ele nunca vai saber
O quanto eu te quero"


É mesmo isto.


Já agora, a título informativo, fui eu pesquisar a letra e a música chama-se Desencontro e é de Luís Represas.