segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Como é um luar azul?

Noites calmas. Não é um chá, de facto, não é dum chá que preciso. Noites calmas são simplesmente aquelas que fazem alguma diferença. Não que as minhas não o sejam, porque não são, de todo, agitadas. Mas uma noite, para ser calma, apenas tem que me fazer sentir bem. Eu gosto de olhar para o céu e vê-lo escuro, preciso de ouvir silêncio, ainda que o silêncio da cidade, como bem conhecemos, quero incessantemente que a noite seja minha. E é tantas vezes...
Verdadeiramente isolada nas ruas da minha cidade, à noite, vejo tudo muito mais bonito.
Hoje parece que a noite vai estar nublada... ainda assim, será uma noite calma que cheira a início de aulas e à rotina de inverno de que afinal até gostamos.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Drama intemporalmente branco


E se tiver morrido?

Morri.

Afinal não fui eu, foi o outro.

Mas como é que se morre?

Eu vi-te bem, falavas e respiravas. Agora já não. Mas não é só o acto de respirar que dá vida a um ser. Não pode ser. Eu não vivo com máquinas. As pessoas têm algo, algo que faz com que a sua vida seja desejada, desejada pelo mínimo de pessoas que até seja. É a essência, a alma, a personalidade... é simplesmente o que transforma a nossa existência em vida.

Mas se isso não é máquina, porque desapareces da Terra? Acredito que partes para outro sítio, um sítio melhor... mas enquanto isso, a morte assombra, assombra como palavra, como entidade, como realidade. É a perda. E a perda dói. Tenho medo que doa mais ainda durante o resto da minha vida. E tenho a certeza que os meus receios se confirmarão...

E se tivesse sido eu, queria ter um funeral cheio de gente. Acho que é bom, acho que é porque as pessoas sentiam a minha falta. Mas podia não ter ninguém.

Morte cruel, a morte só. Tristeza grande, a da alma que parte sem se sentir amada. Visão mais angustiante, a de ver um felório vazio.

A morte prova a diferença que no mundo se sente depois da nossa vivência.

A morte é muito pior se a diferença não for alguma.

Todo o humano é especial à sua maneira, não quero sentir-me só. Acredito que não te sentirás só. Não quero que alguém se sinta só. Ainda que essa solidão seja vista de olhos fechados.