terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Verde- Tropa

Aquilo até estava a tomar um rumo normal, até que tive consciência das palavras. Das palavras que proferia enquanto erguia a arma. Lembro-me lá do nome dela. Nem tão pouco me preocupo em fazê-lo. Pensemos que era uma basuca XV 30 000 com cano partido.
Ainda atónita, perguntei à minha parceira: "Será que ele já matou alguém?!". Era a brincar. Não era a brincar. Não sei. Mas também, saber se o portador de tal instrumento já tirou a vida a alguém não é importante.
A importância reside no "Apontado para a nuca faz logo um buraquinho que é uma maravilha". Não no tom irónico das palavras, mas na essência das mesmas.
Nós não estamos em guerra, mas se estivessemos aquelas armas serviriam para tirar a vida a alguém, alguém que, se calhar, está obrigado a permanecer naquele lugar, àquela hora. Ou alguém que simplesmente transporta as armas com os mesmos ideais de quem lhe tira a vida.
A arma não é um brinquedo, nem um troféu. É uma sentença.
E depois ainda me perguntam se oq ue não me prende lá são os baixos salários...

Obrigatoriedade de Dar, Receber e Retribuir em azul

Conceito de comunidade imaginada: só é uma comunidade se, do encontro ocasional surgirem relações de dependência e solidariedade. Mas é imaginada. E, por isso, é livre e anárquica. Admitamos que seria estimulante: a junção da ingenuidade com a sabedoria. Que relação fatídica... mas maravilhosamente condicente. Era um risco que talvez corresse, apesar de estar à priori condenado pelo meu superego. A troca seria mais que equilibrada.

A Carta Amarela do Tempo

Eu sei que tenho deixado isto assim meio abandonado, mas tenho escrito, acreditem. Tenho escrito outras coisas, noutros sítios. O problema é transcrevê-las para aqui. Mas hoje dedicarei-me a fazê-lo!

Costa do Marfim
Não tenhas medo. Está tudo escuro, eu percebo. Mas não tenhas.
O pai e a mãe já vêm. Eles sairam, mas voltam. Não sias à rua, as pessoas estão confusas e não andam a fazer coisas boas. Não fiques em casa. Pelo menos, não sem escolheres um sítio como esconderijo. é que essas mesmas pessoas podem entrar pela tua porta dentro. Mas não te assustes. Por favor. Elas procuram algo e, não encontrando, voltam para a rua.
Procuram coisas de valor, não posuis. Procuram armas, infelizmente sabes o que são, mas não as tens. Procuram álcool, também não tens. Então procuram o teu pai, ou atua mãe. Para coisas distintas. Mas sairam. Eles voltam, já te disse.Mas depois de tudo isto.
Depois do sangue ser limpo das ruas pela chuva, depois do cheiro a pólvora e a morte se diluir com o vento, depois dos gritos das balas se calarem com o tempo.
Eles voltam.
Tu, inocente, terás de novo uma família. Terás a fome saciada e a debilidade curada. Enquanto isso, espera, espera como já esperaste. Espera que o mundo veja aquilo por que passas agora e o jogo em que tranformaram a tua vida.
Não queres um governo.
Queres paz.
Não tenhas medo.
Hey! Ainda te manténs acordado?
(o texto já tem uns tempos)