terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Inúteis Lágrimas Liláses que Anseiam Mudança


“as pessoas vão dizer: «é horrível!» e continuar a jantar.”


Esta é uma das frases (não asseguro que seja literalmente assim) presentes no filme “Hotel Ruanda”. Ainda só vi a primeira parte, mas acho que não devo aguentar muito mais, claro está que só o vejo obrigada, na aula de geo. Mas é isto que mais me angustia, o facto de a única coisa que eu consiga fazer é chorar.
Por isso é que me quero aventurar, por isso é que quero justificar aqui, aquele desejo de férias alternativas que muitos não compreendem. Desde que surgiu a ideia de trocarmos a viagem de finalistas por um mês de voluntariado com crianças num país pobre que não consigo pensar noutra coisa. É tudo muito alto, é tudo muito assustador, é tudo muito cativante! Claro que tenho medo, óbvio que tenho medo. Mas quero fazê-lo, qualquer coisa. Aqui, ali. Sinto uma energia tal por dentro que me sobe da barriguinha até à boca e me faz sorrir, que não consigo sequer pensar em muitos contras. Quero crescer, estar algum tempo longe das coisas terrestres que nem sempre (ou nunca) importam. Como diria Fernando Pessoa: "Despi a realeza, corpo e alma, e regressei à noite antiga e calma como a paisagem ao morrer do dia." É certo que ajudar posso fazer a minha vida toda em qualquer lugar. Mas o meu presente aventureiro é agora, é hoje! Depois haverá a faculdade, depois haverá o emprego, depois haverão os filhos… E eu sempre sonhei com isto, eu preciso de crianças para viver! E ainda que não sejam crianças, eu não posso continuar a ver este espectáculo, para o qual nem o bilhete paguei, sem poder manipular o cenário! É no Haiti, é no Ruanda, é na Etiópia, é na Índia, é na Colômbia… pode até ser em Angola… decerto o meu trabalho será preciso e, mesmo apenas durante um mês, saberei que realizei uma obra que nunca haveria de realizar se não tivesse partido. E não teria entrado na vida daquelas pessoas, naquele momento, naquele lugar. E um dia Madre Teresa de Calcutá disse “Sei que meu trabalho é uma gota no oceano, mas sem ele, o oceano seria menor.” E entre as minhas pesquisas de suporte às minhas argumentações encontrei outra que faz todo o sentido: “O que você passou anos construindo, alguém pode destruir da noite para o dia. Construa assim mesmo.”
Por vezes nada muda porque sabemos que isso muito convém a alguns, mas se poder mudar a vida de poucos dos muitos, já serão menos a sofrer.


E outra coisa, este mês não invalida de todo a nossa semana de “bobagem” no parque de campismo, na casa alugada ou na pousada da juventude que todos nós esperamos. Aguardo ansiosamente por esta “rambóia” conjunta, sabem bem*

3 comentários:

Pockets of Peace disse...

é tanto cá dentro que não te consigo responder. sabes-me, por isso, deixo para ti em silêncios os meus pensamentos sobre este post. qualquer dia, escrevo sobre o que me consome.

* (adoro-te)

LilianaS. disse...

Tal como a Madre Teresa de Calcutá foi uma gota no Oceano; tu também és!
Fazes parte da Juventude de um novo dia, que tentam mudar o mundo.
Sem barreiras, sem limites
TU consegues, pois eu acredito em ti!

LilianaS. disse...

Já agora diverte-te na Bobagem!