sábado, 12 de dezembro de 2009

Os dois Cinzentos Passos que agora são três e Mais Claros

Pesoas, pessoas e mais pessoas. Cada vez mais e cada vez mais longe. Longe sim, e não vou até lá. Não vou não. Recuso-me! É sempre assim e sempre assim foi... aquela distância de dois passos que podes percorrer para a mim chegar, desta vez, não a vou percorrer. Tanto, tanto que já vivemos, tanto que já confiámos, tanto que já encontrámos... e agora nada, as maravilhosas conversas de cheiro a gengibre lá ficaram, na casa dos caramelos e batidos com os livros na varanda, na casa do terraço grande e dos cereais com leite frio... e o pior é que não notas a verdadeira importância desses dois passos, que podem ter cada vez mais pedras, ou mais buracos e até embondeiros, quem sabe? Para ti são só dois passos de distância, e porque não dá-los eu? É sempre assim e sempre assim foi... E quando inevitavelmente nos encontramos nessa densa floresta, ou no deserto árido vês-me como dantes. Mas o dantes já passou e o outrora é agora presente, e as conversas de cheiro a gengibre não habitam mais nesses encontros ocasionais. Mas cada vez mais os dois passos parecem três, e quatro... e nesse mítico caminho tu consegues ver-me perfeitamente, o que talvez não passe de uma miragem, causada pela sede que tens do passado e que perpetuas para o futuro. Para mim não pode ser assim, a ponte enfraqueceu de mais, não me regaste como devias, por isso seco agora. Mas não quero dar aquilo que não recebo, e bem sei que não me procurarás. E aí, quando sentires cheiro de gengibre em outras chaminés que não as nossas e de batidos de fruta em outros terraços, consigas entender o espaço que cresceu e o percorras para me buscar. Se não, é porque de nada valeram e, o teste é bom. Se ao menos fosse corajosa para o fazer... mas a minha amizade é tão forte que, pelo menos, pelas pernas traçadas à chinês com os pés descalços no chão frio, e pelas saudades que disso tenho, eu continuo a alimentar-te a miragem que de mim vês e contemplas, mesmo sem conhecer.