segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Drama intemporalmente branco


E se tiver morrido?

Morri.

Afinal não fui eu, foi o outro.

Mas como é que se morre?

Eu vi-te bem, falavas e respiravas. Agora já não. Mas não é só o acto de respirar que dá vida a um ser. Não pode ser. Eu não vivo com máquinas. As pessoas têm algo, algo que faz com que a sua vida seja desejada, desejada pelo mínimo de pessoas que até seja. É a essência, a alma, a personalidade... é simplesmente o que transforma a nossa existência em vida.

Mas se isso não é máquina, porque desapareces da Terra? Acredito que partes para outro sítio, um sítio melhor... mas enquanto isso, a morte assombra, assombra como palavra, como entidade, como realidade. É a perda. E a perda dói. Tenho medo que doa mais ainda durante o resto da minha vida. E tenho a certeza que os meus receios se confirmarão...

E se tivesse sido eu, queria ter um funeral cheio de gente. Acho que é bom, acho que é porque as pessoas sentiam a minha falta. Mas podia não ter ninguém.

Morte cruel, a morte só. Tristeza grande, a da alma que parte sem se sentir amada. Visão mais angustiante, a de ver um felório vazio.

A morte prova a diferença que no mundo se sente depois da nossa vivência.

A morte é muito pior se a diferença não for alguma.

Todo o humano é especial à sua maneira, não quero sentir-me só. Acredito que não te sentirás só. Não quero que alguém se sinta só. Ainda que essa solidão seja vista de olhos fechados.

3 comentários:

LilianaS. disse...

É horrivel morrer sem que ninguem sinta a sua falta... =(

Anita disse...

É uma coisa que não se ultrapassa, I guess.

Por isso, também, os funerais são tão pesados. É que todos levam os seus próprios fantasmas.

Um beijinho com cheiro a férias*

Safadu disse...

Que post...mórbido... vá lá!