
E é por isto que não gosto do nosso sistema de ensino.
Porque se pode enfiar na cabeça a matéria, nas vésperas dos testes e, tendo uma cultura geral satisfatória e uma boa escrita, se consegue tirar 18's e 19's.
Era tudo tão melhor se aprendessemos, se aprendessemos de verdade. Eu assimilo tanta coisa, quilos de matéria que tenho de saber até uma determinada data e, depois... depois atinjo o ponto de saturação e vou esquecendo o mais antigo.
O essencial não se perde, mas tudo o resto...
Esta gente devia aprender, que nós aprendemos (passo a redundância) com trabalhos, sobretudo trabalhos de campo que nos motivam. Depois de robarmos tempo de uma aula para fazermos uns inquéritos para um trabalho de investigação, a stôra diz-nos: "Oh meninos, se nós não tivessemos que dar um programa, tudo poderia ser bem diferente... Podiamos fazer mais investigações, mais debates, tarefas mais dinâmicas!"
Eu acredito que o saber consiste nessas tarefas dinâmicas, no saber por experiência. Não no saber de ouvir alguém recitar o que está no livro e no que nós sabemos ler (logo, se está no livro e nós sabemos ler, nada mais há a acrescentar...), durante algumas horas, a tentar abrir os olhos porque eles insistem em fechar-se.
Ás vezes sinto que estou no tempo da escolástica em que tudo se aprendia pela interpretação de textos de livros e não com a experiência sensível. Larguem a teoria, foquem-se na prática! Só assim nos vão conseguir incutir alguns conhecimentos. Essa prática pode vir de conversas, de explorações, de recolha de dados...
E depois, quando trabalharmos, vamos pensar: "Ah pois, eu lembro-me disto... de quando fizemos este trablho em que procedemos assim, logo é fácil de se resolver."