
Começo a medo entre empasses, tentando atrasar o inevitavel. E dão o emporrão e inicio a corrida. Devagar, com pouco entusiasmo, mas depois com força, de vontade pelo menos, um, dois, três passos acelerados. E já está. Corrida contínua como eu gosto, sem desníveis nem arritmias. Constante. Agora já não paro. Não desisto, não troco, não me alio ao vai-vem. Mas passado algum tempo o corpo começa a ceder, as forças falham quando é necessário amparar uma queda no destino, uma queda minha. E recorro novamente à força, posso motivar-me em ti, ou em ti, ou em ti, ou mesmo nela, ou neles. Mas a minha motivação nem sempre é segura e é tarde quando disso me apercebo. Mais enfraquecida fico. Mas não paro. Não sou miúda de parar. Por mais que não seja para mostrar o que valho. Ainda assim, quando consigo aguentar o cansaço muscular, começam os pulmões a pedir mais, e mais, e mais. E eu respiro, muito. Insiro, inspiro, inspiro, mas mal expiro. Tudo entra e não sai. Como às vezes desejava poder expirar mais e respirar devagar, oxigenar o sangue? Mas não. è uma aflição tão grande, uma necessidade de morte em encher, mas esvaziar custa. E quem corre comigo tem de saber ensinar-me a respirar e tem saber que não estou a deitar fora e tem de saber aliviar a minha dor. Aí chega o momento insoportável, aquele em que as pernas já não correm, em que os pulmões já não se enchem, em que paro. O momento de parar. E paro, fico pelo meio, terei já cumprido os meus objectivos? Os outros continuam mas eu não. E que mal há nisso? Houve gente que parou antes de mim.
E amanhã começo de novo.
A minha vida nada mais é que um jogging de sentimentos.