sábado, 9 de abril de 2011
Vermelho, cor dos sentimentos
Então as relações humanas são intrigantes? Tão intrigantes que se conseguem identificar num autocarro. Aqui se simplifica aquilo que os teóricos definiriam por complexo. Ela era a Kika do Dragon Ball e ele um "cavajeste" qualquer duma telenovela brasileira de há alguns aninhos. Sim, sim, bonita demais para ele. Mas assim que conseguiu deixar de a abraçar, já à porta do autocarro, ela disse-lhe adeus, e voltou a dizê-lo quando o autocarro deu a volta. Não era um autocarro até Trás-os-Montes, nem tão pouco até à Margem Sul... mas agora a Kika talvez se sentisse sozinha: apesar de tudo agora a sua atenção era apenas requisitada por aquele pequenino ser dentro do carrinho. Uma atenção que se traduzia em caretas e palavras com poucas sílabas. Mais à frente estava o ajuntamento típico, um homem, uma mulher. Ela encostava a cabeça e ele beijava-a. De repente salta um terceiro olhar daquele banco, afinal, já não eram dois mas três. O último agora na idade dos porquês. E no fundo, desenhava-se banda-desenhada com banda sonora de David Fonseca. O seu ar cosmopolitano de Londres de quem, apesar de ter estilo, está preso a uma rotina, suscitava agora o interesse dela que ia batendo o pézinho ao som da música que ele garantia. Na mesma fila de bancos, no lugar junto da janela. Estes eram para já os seus interesses em comum. E já se estavam a dar tão bem... Agora o pequeno ser sai do carrinho nos braços da mãe que o apresenta ao menino dos porquês. E riem-se muito. Mas também a multidão preencheu os bancos vazios e os meninos cá de trás já não se conseguem ver... Volta a esvaziar e voltam a estar platónicamente juntos. Uns separados sem querer, outros juntos e outros que se poderiam juntar. E depois?
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